A relação do governador João Azevêdo (Cidadania) com o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) tem sido de aparências há vários meses. E quando falo de aparências me refiro ao esforço relativo de ambos para demonstrar algum nível de amistosidade. Mas nos bastidores, o clima tem sido de desconfiança e desconforto, com críticas de lado a lado. Muito claramente faltava apenas a desculpa para justificar um rompimento que ambos se recusavam a dar o primeiro passo. O incidente com a secretária Ana Cláudia Vital do Rêgo (Articulação e Desenvolvimento Social), nesta sexta-feira (8), em Campina Grande, foi esse gatilho.
A mulher do senador participava de uma solenidade do governo do estado, em Campina Grande, e deixou o auditório ao perceber que não foi e não seria convidada para compor a mesa. O desconforto de Ana Cláudia ficou visível e o episódio acabou irritando Veneziano. Em entrevista à imprensa, ele criticou o que chamou de descortesia do governador. Há argumentos razoáveis para defender o governo em relação à ausência da auxiliar na mesa. O principal deles é que outros secretários também ficaram de fora. E há argumentos também que justificam a reação dela: o fato de a cidade ser o reduto político da família.
Mas tudo isso não representa mais do que um pano de fundo para expor uma divisão que já havia ganhado as ruas. Gerou muito desconforto para o governador o fato de o vereador de João Pessoa, Mikika Leitão (MDB), ter defendido abertamente uma candidatura de Veneziano Vital ao governo. Pior do que isso, a demora para o ex-prefeito de Campina Grande vir a público para dizer que não pretendia disputar. Uma disposição que aliados de João Azevêdo não acreditam, principalmente pelo movimento de aproximação que o senador busca em relação ao ex-presidente Lula (PT) e de conversas com o ex-senador Cássio Cunha Lima.
O caso lembra muito o episódio de rompimento entre os ex-governadores José Maranhão e Ronaldo Cunha Lima, ambos já falecidos. O ponto de partida para a discórdia foi um evento festivo também em Campina Grande e que serviu para separá-los pelo resto da vida. O desenho para o futuro dessa relação ainda será composto, mas é possível perceber a organização das tintas sobre a mesa. Como a base aliada de João Azevêdo é muito elástica, veremos muito provavelmente a briga por espaços e consequentes rompimentos, a ponto de serem formados dois grupos.
O efeito Lula, inclusive, tende a ser um espaço de discórdia entre os dois candidatos. A aliança com o petista é prioridade para João Azevêdo, mas também o será em caso de postulação de Veneziano. O petista posou para foto com João Azevêdo em reunião no Rio Grande do Norte, no mês passado, e com Veneziano, nesta semana. Com objetivos políticos similares, no caso, a disputa do governo, era questão de tempo para que o rompimento ocorresse. Foi assim entre José Maranhão e Ronaldo Cunha Lima. Tem sido assim também entre João e Veneziano.
Quer receber todas as notícias do blog através do WhatsApp? Clique no link abaixo e cadastre-se: https://abre.ai/suetoni