Executivo
Hugo vira herói da Faria Lima por briga com Lula e pode infernizar o governo, mas pagará um preço por isso
02/07/2025 08:21

Suetoni Souto Maior

Hugo Motta (C) em agenda com Tarcísio de Freitas e Marcos Pereira. Foto: Divulgação/Republicanos

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), chegou a uma encruzilhada política de forma muito precoce em seu mandato com a briga comprada com o governo Lula (PT). Se der mais um passo, seguirá o mesmo caminho do seu mentor político, o ex-deputado federal Eduardo Cunha. Se recuar, perderá a aderência do bolsonarismo e da Faria Lima, coração do mercado financeiro brasileiro. Nos dois caminhos há consequências eleitorais para 2026 e potencial para sepultar a estratégia do dirigente paraibano de se postar de forma tucana no cargo.

Motta alvejou o governo Lula em pleno voo no caso da discussão do IOF. O governo recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) com o argumento de que a edição do decreto que majorava o tributo é de competência exclusiva do Executivo. Com isso, alega que o PDL que derrubou a medida, bancado pelo deputado paraibano com ampa aderência dos seus pares, é inconstitucional. O ato do governo elevava os impostos para rentistas, para quem faz movimentações financeiras internacionais e bets. Na justificativa, atinge quem paga pouco ou nenhum tributo, também chamados “de mais ricos”.

O ato contínuo disso é que o paraibano foi festejado pelos maiores empresários do país nesta semana. Em jantar, foi tratado pelo ex-governador de São Paulo, João Dória, como herói do Brasil. Mas nas redes sociais e nas ruas, Hugo Motta passou a ser tratado como o condutor de um processo que impediu a taxação do ‘andar de cima’ e que cobra do governo federal o corte dos investimentos em programas sociais. Na retórica, usa o argumento de que o Congresso defende o corte de gastos. Só que este é o mesmo Congresso que ampliou os gastos do governo em R$ 100 bilhões neste ano e que não abre mão das emendas impositivas.

Na Paraíba, o posicionamento traz constrangimentos para a base de apoio do governador João Azevêdo (PSB). O gestor quer disputar a eleição para o Senado, no ano que vem, com o apoio do presidente Lula. Esse projeto pode dar muito errado se o padrinho político perder aderência eleitoral por causa da agenda de confrontos puxada por Motta. Pode sacrificar também o projeto eleitoral de Nabor Wanderley (Republicanos), que precisará, para ser eleito senador, dos votos de municípios onde o lulismo tem muita força, no interior do Estado.

E para completar, tem ainda a rebelião do presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos), que adotou Lula como bandeira eleitoral e constrange Hugo Motta neste processo. A estratégia dos governistas de jogar a culpa no parlamentar paraibano em publicações nas redes tem dado certo e gerado desgastes para a imagem do paraibano.

O movimento de Hugo Motta também é visto como a antecipação da campanha eleitoral de 2026, para beneficiar a provável candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Presidência da República. O confronto com o governo, se persistir, terá este o rótulo. Diante disso, é possível dizer que há tem caminho simples nem mais correto para Motta. Em todos, haverá consequências. O que não dá mais é para ficar em cima do muro ou funcionando como biruta de aeroporto.

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