Judiciário
“Feira de mangaio”: operação escancara história suspeita do frentista que virou mega empresário na Paraíba
23/02/2022 14:23
Suetoni Souto Maior
Operação encontro irregularidades em licitações. Foto: Divulgação/TCE

A operação Feira de Mangaio, desencadeada nesta quarta-feira (23), escancarou a controvertida história do frentista de posto de combustíveis que, de repente, virou um mega empresário em curto espaço de tempo, na Paraíba. Pior, mostra uma operação suspeita de fraudes em licitações com suposto envolvimento de servidores e agentes públicos, com a movimentação de recursos da ordem de R$ 21 milhões de forma para lá de suspeita. A ação foi desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba, em parceria com Controladoria-Geral da União (CGU), Tribunal de Contas do Estado (TCE/PB), Secretaria da Fazenda do Estado da Paraíba (Sefaz), além das Polícias Civil e Militar.

A estrela desta história é o empresário Douglas Bernardo Azevedo. Ele é figura central de um suposto esquema de fraudes em licitações que envolveria ainda os empresários Olivan Teles Bezerra Neto, Douglas de Araújo Gomes, Tyrone de Araújo Gomes e Gisele Costa Gomes, além das empresas Meta Comércio e Serviços Eireli e HML Comércio LTDA (Rei dos Esportes), todos alvos dos mandados de busca e apreensão cumpridos na manhã desta quarta. As empresas teriam movimentado mais de R$ 20 milhões de 2003 para cá. O destaque fica por conta da empresa do ex-frentista Douglas Bernardo, que foi empregado, também, do Rei dos Esportes e decidiu abrir a empresa a partir de 2018.

Chamou a atenção, também, a variedade surpreendente dos produtos e serviços fornecidos pela Meta Comércio e Serviços. Ela ia de assessoria de imprensa a fornecimento de material esportivo e até postes de iluminação pública.

O curioso desta empresa que empenhou R$ 7,7 milhões de entes federais, estaduais e municipais é que ela não tem um único empregado declarado desde a sua fundação, em março de 2018. A Controladoria Geral da União (CGU) fez cruzamentos de informações e constatou que não constam registros de recolhimentos de FGTS e INSS relacionados a eventuais empregados da empresa milionária. Mas esse não é o único problema. A composição das empresas que participaram das concorrências vencidas, em geral, era recheada de empresas do mesmo grupo familiar, que foi apelidado pelo Ministério Público na denúncia de Grupo Gomes.

Douglas Araújo é filho dos ex-presidentes da Federação Paraibana de Futebol, Rosilene Gomes e Juraci Pedro Gomes. Hercílio Pedro Gomes, tio de Douglas Araújo, também entrou nas concorrências. Tem ainda Gisele Costa Gomes, sócia da empresa HML Comercial LTDA (Rei dos Esportes), que é casada com Tyrone de Araújo Gomes, irmão de Douglas de Araújo Gomes. Todos eles entravam nas concorrências, tendo algumas delas a participação de servidores públicos que teriam contribuído para as vitórias. O próximo passo da operação será chegar aos gestores.

Veja a relação das cinco prefeituras que mais contrataram as empresas:

Conde R$ 1,2 milhões

Santa Rita R$ 659,7 mil

Cabedelo R$ 413,8 mil

Campina Grande R$ 286,4 mil

Patos R$ 152,3 mil

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