“Hay gobierno, estoy en”. A expressão em espanhol era muito usada para descrever o MDB após a redemocratização, mas mudou de endereço nos últimos anos com o surgimento do agrupamento de partidos apelidado de Centrão. O grupo é formado por legendas de centro e centro-direita que não conseguem viver longe da caneta presidencial. Estavam com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) até os estertores e, em grande maioria, pularam para o novo governo, encabeçado por Lula (PT). Um dos seus expoentes, o novo ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil-PA), disse nesta terça-feira (18) estar havendo uma mudança de percepção em relação ao grupo.
Para Sabino, o bloco informal na Câmara apelidado de Centrão está virando uma “expressão positiva”. Talvez se refira à capacidade do grupo de ofertar governabilidade e de adequar aos novos tempos. Ele, inclusive, sintetiza isso. É um nome de confiança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e chegou ao cargo de ministro por meio de uma articulação envolvendo o União Brasil, seu partido, que não aceitava mais a antiga ocupante do cargo, Daniela Carneiro (RJ), por ela ter deixado a sigla. A costura levou meses até ser concretizada, como parte de uma articulação do governo para conseguir maioria segura no Congresso.
Lula já indicou que novas trocas devem ocorrer somente em agosto, com o término do recesso parlamentar. Em entrevista ao J10, da GloboNews, Celso Sabino defendeu a articulação do Planalto com o bloco informal de partidos. Para ele, a acomodação de siglas na estrutura do governo federal é “natural”. “Sempre é necessário que haja esse arranjo na política com os partidos. […] Essa composição é natural, é saudável e faz parte da democracia ao redor do mundo”, afirmou, que integrou a base e apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro no passado.
Para Sabino, nos últimos meses, o Centrão tem apoiado a articulação do governo no Congresso, em especial nas pautas julgadas pelo bloco como “importantes para o Brasil”. “Em relação aos votos na Câmara, acredito que o União Brasil, Republicanos, PP e outros partidos chamados de Centrão…. Antes, falar Centrão era uma coisa até ruim. Hoje em dia, todo mundo já quase quer ser do Centrão. Está virando já uma expressão positiva, que representa ponderação, um pêndulo de uma balança. Esses partidos têm dado os votos necessários naqueles projetos que entendem que são importantes para o Brasil.”
O Centrão briga por novos espaços no Governo, de olho na Caixa Econômica, no Ministério dos Esportes e no Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Tudo indica que apenas o último não será negociado.
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