Há quatro anos, Lula (PT) estava preso e inelegível. Esse tem sido um exemplo comumente lembrado por apoiadores do ex-governador petista Ricardo Coutinho para justificar a esperança em uma eventual recuperação política do ex-mandatário. A argumentação é parecida com a usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo o revelado recentemente pela jornalista Bela Megale, de O Globo. O que os dois políticos têm em comum, apesar de serem opostos na política, são os problemas com a Justiça, que, em certa medida, amedrontam os dois.
O caso de Ricardo Coutinho é emblemático, por causa das recentes decisões judiciais favoráveis a ele. O ex-governador é apontado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) como responsável por uma suposta organização criminosa que teria drenado R$ 134,2 milhões dos cofres do governo do Estado entre 2011 e 2018. Acontece que a maioria dos processos fruto da operação Calvário foi removida da Justiça Comum para a Eleitoral. Nesta semana, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) decidiu revogar algumas das medidas cautelares que pesavam contra o ex-gestor.
Foi o suficiente para que aliados de Ricardo fizessem circular opiniões sobre uma eventual volta do ex-governador ao cenário político. Ele tentou isso em duas oportunidades: 2020 e 2022. Nos dois momentos, deu com os “burros n’água”, mas há quem vislumbre um futuro diferente. Entre os aliados, nesta semana, circulou o áudio de uma entrevista concedida pelo ex-deputado federal Julian Lemos (União Brasil). Ex-adversário de Ricardo e bolsonarista arrependido, Lemos faz elogios a Coutinho e não descarta o retorno dele à arena política. Atualmente, não há impedimento legal para que o petista dispute eleições.
A situação é diferente da vivida por Bolsonaro, que teve a inelegibilidade imposta duas vezes pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por isso, está impedido de disputar eleições até 2030. Mesmo assim, segundo Bela Megale, o ex-presidente tem evitado falar na indicação de um terceiro para a disputa das eleições em 2026, quando o atual presidente poderá disputar a reeleição. “Há quatro anos, Lula estava preso e inelegível. Eu só estou inelegível”, diz Bolsonaro a pessoas próximas.
Recentemente, fez quatro anos que Lula foi solto, após passar 580 dias preso em Curitiba. O Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações do petista, o que lhe tornou apto a concorrer à Presidência e vencer a disputa em 2022. Hoje, Bolsonaro não tem condenações, mas é alvo de uma série de investigações da Polícia Federal. Como informou a coluna, ministros do STF avaliam que as chances de o ex-presidente escapar de uma punição são pequenas.
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