Legislativo
Discurso transfóbico de Nikolas (ou Nikole) Ferreira e a “picadeirização” do Congresso
08/03/2023 20:17
Suetoni Souto Maior
Nikolas Ferreira usa peruca e se diz Nikole. Foto: Divulgação

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) conseguiu, em poucos minutos, nesta quarta-feira (8), atrair para si críticas e ameaças de cassação vindas da direita à esquerda por causa de um discurso transfóbicoco plenário da Câmara dos Deputados. Fazendo uso de uma peruca loira e dizendo chamar-se Nikole a partir de agora, em plena comemoração do Dia da Mulher, ele apontou uma falsa concorrência entre as mulheres e pessoas que se identificam como mulheres trans. O parlamentar lembrou no discurso que pode ser preso por causa de críticas feitas anteriormente e se apresentou como vítima da esquerda.

“Hoje eu me sinto mulher. Deputada Nicole”, afirmou. “As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres. Para vocês terem ideia do perigo de tudo isso, eles estão querendo colocar a imposição de uma realidade que não é a realidade”, continuou. “Ou você concorda com o que estão dizendo ou, caso contrário, você é um transfóbico, um homofóbico e um preconceituoso”, disse ainda. O discurso do deputado repercutiu negativamente nas redes sociais de forma instantânea. Veja:

Ainda durante a sessão, logo em seguida às declarações de Nikolas, quer dizer, Nikole, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) anunciou que estava entrando com uma representação no Conselho de Ética da Casa pedindo a cassação do parlamentar. “O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. O segundo é o México, que não tem nem metade dos casos”, diz a deputada. “Não vamos tolerar tamanha violência na Casa do povo”, acrescentou. O Psol também anunciou que vai entrar com representação no Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), divulgou texto nas redes sociais com reprimenda ao deputado. Entre outras coisas, disse que a Câmara dos Deputados não é palco para exibicionismo. Confira:

Nikolas Ferreira foi deputado federal mais votado do país em 2022. Ele liderou com folga a corrida pela Câmara em Minas Gerais, com 1.492.047 votos —o segundo colocado, André Janones (Avante), tinha 238 mil, e a terceira, Duda Salabert (PDT), 208 mil. Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o palamentar se notabilizou pela penetração junto ao eleitor conservador de Minas Gerais.

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