O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deixou a prisão neste sábado (9). O benefício foi concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, após homologação da proposta de delação premiada apresentada pela defesa do militar. Cid deixou a prisão usando tornozeleira eletrônica e terá que cumprir medidas cautelares em troca da liberdade provisória concedida. Entre elas, está a proibição de falar com o ex-presidente e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ambos alvos da investigação sobre a venda ilegal de joias.
As proibições fazem parte do rol de medidas cautelares impostas contra o militar. Ele está impedido de falar com qualquer um dos investigados pela Polícia Federal. A proposta de delação firmada por Cid refere-se ao inquérito das milícias digitais e a todas as investigações conexas, como a investigação sobre a venda de presentes oficiais recebidos pelo governo Bolsonaro. O ex-ajudante de ordens estava preso no Batalhão do Exército de Brasília desde 3 de maio, quando foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid, no sistema do Ministério da Saúde.
Confira abaixo as medidas cautelares que deverão ser cumpridas por Cid:
. uso de tornozeleira eletrônica;
. comparecimento em juízo em 48 horas, e comparecimento semanal posterior, às segundas-feiras;
. proibição de sair do país e entrega do passaporte em 5 dias;
. cancelamento de todos os passaportes emitidos pelo Brasil em nome dele;
. suspensão de porte de arma de fogo, assim como de certificado de registro para coleção, tiro esportivo e caça;
. proibição de uso de redes sociais;
. proibição de falar com outros investigados, inclusive por meio de seus advogados. As exceções são a mulher, filha e pai dele;
. afastamento do exercício das funções de seu cargo de oficial no Exército.
Em caso de descumprimento das medidas, Cid deve voltar para a prisão.
Depoimentos e delação
A delação de Cid foi firmada no âmbito do inquérito das milícias digitais. Na investigação, a PF apura a existência de uma organização criminosa que teria a finalidade de atentar contra o Estado Democrático de Direito.
Desde então, o militar também foi alvo de investigação por envolvimento na suposta venda irregular de presentes oficiais e joias recebidos durante o governo Bolsonaro.
Cid vinha se mantendo em silêncio diante das investigações, mas a estratégia da defesa mudou em agosto, quando o advogado Cezar Bitencourt passou a representá-lo. Em entrevista à “Revista Veja”, o advogado disse que o cliente assumiria que vendeu, nos Estados Unidos, joias recebidas pelo ex-presidente. E que havia feito isso a mando de Bolsonaro.
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