Executivo
Chico Buarque sobre Bolsonaro: “o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu prêmio Camões”
24/04/2023 16:27
Suetoni Souto Maior
Chico Buarque recebe prêmio das mãos dos presidentes Lula e Marcelo Rabelo. Foto: Reprodução/Twitter

O cantor e compositor Chico Buarque, de 78 anos, finalmente receceu o Prêmio Camões. A solenidade de entrega da mais importante premiação da literatura de língua portuguesa ocorreu em Sintra, em Portugal, nesta segunda-feira (24), com quatro anos de atraso. Isso por que em 2019 o então presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), e recusou a assinar o diploma e fazer a entrega, por causa da militância de esquerda do artista.

“Conforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu prêmio Camões, deixando espaço para a assinatura do nosso presidente Lula”, afirmou o cantor diante do presidente Lula (PT) ao se referir a Bolsonaro, adversário político do petista. “Recebo esse prêmio menos como honraria pessoal e mais como desagravo a tantos autores e artistas humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo.”

O cantor Bob Dylan foi lembrado no discurso do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Ele foi comparado ao artista brasileiro, mas com a ressalva de que a obra de Chico Buarque vai além da música, com uma bem sucedida incursão pela literatura e pelo teatro. Dylan, vale lembrar, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2016.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também discursou. “Hoje, para mim, é uma satisfação corrigir um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos tempos. Digo isso porque esse prêmio deveria ter sido entregue em 2019 e não foi. Todos nós sabemos por quê”, declarou Lula.

Prêmio Camões
O prêmio Camões é uma parceria entre os governos de Portugal e do Brasil, criado em 1988. A premiação é considerada a mais importante da língua portuguesa. Entre os brasileiros que já foram laureados, estão Raduan Nassar (2016), Ferreira Gullar (2010), Lygia Fagundes Telles (2005) e Jorge Amado (1994).

O escritor homenageado recebe 100 mil euros (R$ 555 mil), sendo metade desse valor subsidiado pela Fundação Biblioteca Nacional, entidade vinculada ao Ministério da Cultura, e a outra metade é paga pelo governo português.

Além de Chico Buarque, ainda devem receber o prêmio o escritor português Vitor Manuel de Aguiar e Silva (escolhido em 2020), a moçambicana Paulina Chiziane (2021) e o brasileiro Silviano Santiago (2022).

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