Legislativo
Após polêmica, Hugo Motta retira de pauta projeto que permitiria “confisco” no FGTS de devedores por bancos
09/05/2024 21:30
Suetoni Souto Maior

O deputado federal paraibano Hugo Motta (Republicanos) decidiu nesta quinta-feira (9) retirar de pauta, na Câmara dos Deputados, o projeto de lei complementar (PLC 40/24). A matéria autorizaria, entre outras coisas, que os bancos a usarem automaticamente o saldo de clientes em caso de não pagamento de dívidas no prazo de até 30 dias após o vencimento. Além disso, a proposta previa a possibilidade de “confisco” de até 10% dos valores depositados no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) do dono da dívida.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Motta alega que o texto foi desvirtuado em postagens da imprensa e nas redes sociais. A visão dele é a de que o texto elevaria a competitividade entre os bancos e melhoraria o acesso ao crédito pelas pessoas. O uso de parte do FGTS como garantia de pagamento precisaria de autorização expressa do cliente. Ele também garantiu não ter acertado nada com os bancos e que não estaria atuando em defesa das instituições financeiras.

Veja o vídeo:

https://www.instagram.com/reel/C6xBsiwJCPE/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

O fato ganhou grande repercussão após vídeo gravado pelo deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE). Depois dele, o ex-presidenciável Ciro Gomes, também do PDT do Ceará, compartilhou a publicação do colega de partido, denunciando o caso. Segundo Benevides, além da apropriação de dinheiro em conta corrente, o texto permite o confisco de 10% de valores depositados no FGTS do dono da dívida. O deputado questiona o fato de a proposta atingir apenas pessoas físicas, incluindo MEIs (microempreendedores individuais) e as chamadas MEs (microempresas). As grandes empresas, por outro lado, são poupadas.

“Tô passando aqui pra alertar o povo brasileiro em relação ao PLP número 40, que vai ser votada a urgência hoje aqui na Câmara dos Deputados, que trata da autorização para o sistema bancário de ir na sua conta bancária. Qualquer dívida que você tiver com os bancos acima de 30 dias, portanto, com 31 dias, o banco vai lá na sua conta e sacar o dinheiro para poder pagar essa dívida. Ele não pede autorização a você”, inicia o deputado.

“Ainda mais: a sua dívida de cartão de crédito também ver ser matéria pra ele [o banco] ir lá na sua conta e sacar o seu dinheiro para poder pagar lá. E, por último, se não tiver dinheiro na sua conta, ele vai lá no seu saldo do FGTS, que você lutou com muita dificuldade, trabalhando para ter o seu depósito no seu fundo de garantia, ele [o PLC] também está autorizando os bancos sacarem 10% do FGTS para pagar, com 31 dias, essa operação de crédito”, acrescenta Benevides.

Confira o texto do projeto na íntegra:

Na justificativa do texto, Hugo Motta afirma que o projeto tem o objetivo de estabelecer medidas que visam promover uma “maior competição entre as instituições financeiras” no Brasil e “facilitar” o acesso ao crédito para pessoas físicas. “Além disso, busca mitigar os riscos de inadimplemento e reduzir as taxas de juros, o que é de grande importância para a economia do país e para o bem-estar dos cidadãos brasileiros”, diz.

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