Executivo
Após pedido de Dom Delson, TCE anuncia devassa nos repasses de Estado e Prefeitura para o Hospital Padre Zé
22/11/2023 15:01
Suetoni Souto Maior
Nominando Diniz (C) teve reunião nesta semana com o arcebispo Dom Delson e recebeu pedido para que o caso fosse apurado. Foto: Divulgação/TCE

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) anunciou nesta quarta-feira (22) a instauração de inspeções especiais em secretarias do Estado e da Prefeitura de João Pessoa que destinaram recursos para o Hospital Padre Zé. A instituição de saúde era comandada até pouco tempo pelo Padre Egídio de Carvalho Neto, preso na segunda fase da operação Indignus, na última sexta-feira (17). O religioso é acusado de ter desviado cerca de R$ 140 milhões do Padre Zé e da Ação Social Arquidiocesana (ASA), ambas ligadas à Arquidiocese da Paraíba.

A decisão do Tribunal, segundo o conselheiro Nominando Diniz, decorre das conclusões de um relatório elaborado pelo setor de inteligência da Corte, envolvendo convênios firmados entre as secretarias específicas das referidas administrações com o Instituto São José, mantenedor do Hospital Padre Zé. Os dados serão enviados à auditoria para que sejam instaladas as inspeções. O TCE deverá analisar as respectivas prestações de contas, já que, há informações de que os recursos repassados teriam sido usados para outros destinos, diferentes das ações sociais.

O presidente lembrou que durante a semana recebeu visitas do arcebispo da Capital, Dom Manoel Delson Pedreira, e do Padre George Batista, novo diretor do Hospital Padre Zé. Na ocasião, eles pediram informações a respeito das contas da ASA e do Instituto São José, respectivamente. Ao mesmo tempo solicitaram o apoio do Tribunal em relação aos procedimentos de fiscalização e transparência pública a serem adotados.

Uma apuração feita pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba, apontou uma absoluta e completa confusão patrimonial entre os bens e valores de propriedade da ASA e do Padre Zé com o padre Egídio, com uma considerável relação de imóveis atribuídos, aparentemente sem forma lícita de custeio, quase todos de elevado padrão, adornados e reformados com produtos de excelentes marcas de valores agregados altos. As condutas indicam a prática, em princípio, dos delitos de organização criminosa, lavagem de capitais, peculato e falsificação de documentos públicos e privados.

O escândalo foi descoberto após denúncia do desaparecimento de celulares doados ao Hospital Padre Zé pela Receita Federal do Brasil. Os equipamentos seriam leiloados para que os recursos fossem revertidos para a manutenção da instituição de saúde. Um funcionário do hospital, chamado Samuel Rodrigues, chegou a ser preso, mas teve a detenção convertida no cumprimento de medidas cautelares. Ele até tentou fazer acordo de delação premiada, mas ela não foi aceita pelo Ministério Público.

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