Judiciário
AGU pede ao STF investigação sobre operação bilionária, e ilegal, no câmbio brasileiro no dia do tarifaço de Trump
20/07/2025 19:53

Suetoni Souto Maior

Monitoramento mostra que antes do anúncio do tarifaço por Trump, houve a compra de bilhões em reais, que foram vendidos em cotação maior momentos depois. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a abertura de investigação sobre o suposto uso de informações privilegiadas visando o lucro a partir do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil.

Segundo a AGU, o objetivo da ação é investigar o eventual vínculo do tarifaço com movimentações atípicas no mercado cambial brasileiro antes e depois de Trump anunciar a taxação de 50% das exportações brasileiras para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto.

De acordo com o Jornal Nacional, às 13h30 de 9 de julho, no horário de Washington, os gráficos com a evolução da cotação do dólar frente ao real naquele dia indicam que houve compra da ordem de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões antes do anúncio de Trump, quando o dólar valia R$ 5,46.

Dois minutos após o anúncio de Trump, que ocorreu às 16h17, a mesma ordem de grandeza da moeda americana foi vendida, a cotação disparou. E uma quantidade similar de dólares teria sido vendida a R$ 5,60, provocando, após uma forte queda, uma valorização do real frente ao dólar em dimensão similar à desvalorização do primeiro movimento observado.

“À luz dos fatos noticiados, podemos inferir que eles se inserem em contexto no qual os fatos já em apuração neste inquérito estão além dos ilícitos penais já indicados pela Procuradoria-Geral da República, relacionados à obstrução da Justiça, mas também com possíveis ganhos financeiros ilícitos, mediante os mesmos fatos que buscaram impor embaraço à aplicação da lei penal”, sustenta a AGU.

O pedido foi protocolado na noite deste sábado (19) no inquérito no qual o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é investigado pela sua atuação junto ao governo norte-americano para promover medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo e tentar barrar o andamento da ação penal sobre a trama golpista.

Em março deste ano, Eduardo, que é filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, pediu licença do mandato parlamentar e foi morar nos Estados Unidos, sob a alegação de perseguição política. A licença termina hoje.

Na sexta-feira (18), no mesmo inquérito, Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) e foi obrigado a colocar tornozeleira eletrônica e proibido de sair de casa entre 19h e 6h.

As medidas foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes após a PGR alegar risco de fuga do ex-presidente, que é réu na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022 e deve ser julgado pelo Supremo em setembro.

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