Legislativo
A gaiola de ouro do padre Egídio e a penúria do Hospital Padre Zé
06/12/2023 19:46
Suetoni Souto Maior
Padre Zé presta serviço essencial à população paraibana há 90 anos. Foto: Divulgação

Fui ao Hospital Padre Zé, nesta quarta-feira (6), acompanhando a visita de um grupo de vereadores de João Pessoa. A instituição vive uma situação de penúria, fruto da corrupção que, segundo o Ministério Público, prosperou por anos na unidade hospitalar. A estimativa do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) é de um prejuízo de R$ 140 milhões de 2013 para cá. E para muito além da fortuna acumulada pelo padre Egídio de Carvalho Neto, hoje preso, há contrastes do descaso deixado por ele no próprio hospital.

Guiados pelo atual diretor do hospital, o padre George Batista, visualizamos enfermarias lotadas, mas com pacientes dignamente atendidos. O ambiente é limpo e dá para ver o cuidado com que pessoas sequeladas são tratadas, apesar da atual precariedade financeira da instituição de saúde. O Padre Zé foi profundamente atingido pela crise de credibilidade decorrente do escândalo de corrupção revelado pelo Gaeco. O diretor da unidade hospitalar, por isso, tem reforçado os pedidos de doações para custear uma operação que custa em média R$ 1,2 milhão por mês. Os salários dos funcionários ainda estão atrasados.

Mas diante de tudo isso, o que chamou mais a atenção foi um prédio de três andares, anexo ao hospital, construído para servir aos pacientes em fase de recuperação. Ele chama a atenção pelo luxo e por nunca ter entrado em funcionamento. O leitor mais atento pode achar estranha a observação e questionar se os pacientes não podem ficar em uma área com padrão construtivo melhor. Mas não se trata disso. A questão é que com o mesmo investimento, daria para construir um equipamento pelo menos 40% maior, para atender mais gente de forma digna.

O mobiliário é composto por sofás que adornariam, sem dificuldade, a casa de famílias ricas. Os armários também foram construídos com altíssimo padrão. E tudo isso para nunca entrar em funcionamento. O padre George explicou que o hospital recebia recursos que dariam tranquilamente para manter os 120 leitos que ele tem de capacidade, mas o padre Egídio mantinha apenas 40, alegando falta de recursos. O anexo “luxuoso” foi mantido fechado, mesmo recebendo verbas próximas a R$ 1 milhão por ano. Duas servidoras eram pagas com salários superiores a R$ 7 mil mensais cada uma para cuidar do imóvel “fantasma”.

De acordo com o padre George Batista, a meta é chegar a 120 leitos ativos na unidade hospitalar, marca que será implementada de forma gradual. Os vereadores prometeram a destinação de emendas impositivas para o Hospital Padre Zé e há articulações para que deputados estaduais e federais façam o mesmo. A população também precisa ajudar, com o que puder doar.

Em relação ao Padre Egídio, a torcida é para que ele pague caro pelos crimes, caso a culpa dele fique comprovada pela Justiça.

Quer receber todas as notícias do blog através do WhatsApp? Clique no link abaixo e cadastre-se: https://abre.ai/suetoni

Palavras Chave